Secretário Especial da Cultura é Exonerado por Nazismo!

Com olhos raivosos e pretensamente hipnóticos, testa franzida demonstrando tensão, fala grave e pontuada frisando trechos considerados chaves no texto, tom monocórdico numa voz tensa e impositiva e com diversas micro expressões faciais de raiva, onde os dentes incisivos são mostrados de forma assemelhada aos de um cão raivoso quando rosna, vestido de forma sóbria (terno cinza, camisa branca e gravata preta) e com uma música taciturna de inflexões fúnebres, o ex-secretário especial de cultura do Governo Federal cavou a própria cova onde caiu exonerado.

Em suas palavras estava basicamente o trecho de um discurso que Joseph Goebbels (político alemão, que foi Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista de Hitler) proferiu em um dos tempos mais obscuros que a humanidade já atravessou.

Vestido como um coveiro e não como um artista, falando como um nazista e não como um artista e sendo exonerado após essa infame proeza, Roberto Alvim não poderia mesmo representar nada do que se assemelhe com a cultura brasileira.

Para longe dos tons sóbrios que circulam entre o branco e o preto (sejam os tais 50 tons de cinza ou mais!), a arte brasileira é swingada e não marcada! É colorida e não monocromática! Tem alegria mesmo quando expressa a tristeza!

É diversa e controversa e não domesticada e deve ser valente, jamais se deixando ser conivente com um ou outro governo, o que infelizmente vimos acontecer recentemente por uma parte de artistas que se venderam pelos recursos de alguns editais, leis de incentivo e verbas destinadas à entidades do terceiro setor.

A educação artística e cultural deve compreender um repertório diverso e profundo de autores, obras e técnicas, dando a maior gama de conhecimento possível às pessoas, mas a produção artística jamais deve ser “orientada” e “conduzida”!

A iniciativa dessas produções deve ser das pessoas! Dos artistas! Eles devem escolher os temas que desejam e as formas de abordá-los! Políticas que direcionem a produção artística nada mais são do que instrumentos de censura e de clientelismo!

A educação artístico-cultural deve ser maciça e profunda, mas a produção precisa fluir livremente!

O nazismo e outras ditaduras de assuntos determinados ou de formas estéticas específicas é contraproducente e visivelmente o ex-secretário errou em mais esse ponto!

Além do tragicômico vídeo que ele fez com as falas nazistas, a política que o Governo Federal pretende empregar para fomentar a arte e a cultura brasileiras é visivelmente falha! Nessa política há espaço para apenas 7 categorias! São elas: “ópera” com 5 trabalhos, “teatro” com 25 espetáculos, “pintura” com 25 exposições individuais, “escultura” com 25 exposições individuais, “literatura” com 25 textos inéditos, “música” com 25 compositores, “estórias em quadrinhos” com 15 quadrinistas.

Esse projeto recebeu o nome “Prêmio Nacional das Artes” e o ex-secretário disse que seria o início de uma transformação que alteraria o panorama cultural brasileiro pelos próximos 10 anos, mas sinto lhes informar que diante de uma população de mais de 200 milhões de habitantes e em um país de proporções continentais, esse prêmio não passa de um cisco assoprado ao nada!

As proporções desse prêmio não seriam suficientes para promover decentemente a cultura em apenas 1 dos 26 estados do Brasil! Ao todo, a verba desse projeto é de 25 milhões de reais e para colocar isso em perspectiva, em 2016 somente o estado de São Paulo teve um orçamento de 823 milhões de reais para a pasta da cultura!

Então, além de todos os pontos que abordei e da evidente inclinação política perigosa de Roberto Alvim, aqui fica explícito mais um: a incapacidade gerencial em dimensionar esse projeto diante das enormes demandas nacionais!

E outro ponto que já conhecemos também se evidencia! O da propaganda enganosa (o que é frequente na política), onde eles colocam aquelas placas imensas com dizeres e logomarcas suntuosas, mesmo quando é pra assentar apenas meio metro quadrado de calçadinha…

Desse jeito não dá, Bionicão!

Por fim, quero esclarecer que a trilha sonora do vídeo é uma obra do compositor alemão Wagner, que está sendo tido como  nazista, mas que nasceu em 1813 e morreu em 1883, bem antes do nazismo existir. Na verdade, Hitler o usou como símbolo da supremacia da Alemanha devido às suas brilhantes composições, mas o músico jamais teve algo a ver com os nazistas. Wagner nada mais é do que mais uma vítima do nazismo, no caso específico, justamente das propagandas de Goebbels e agora de Roberto Alvim.

Que todos tenham um ótimo e revigorante final de semana!

Link permanente para este artigo: http://www.nandopires.com.br/blog/?p=5099

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.