O Brasil é tido com um dos países com a “pior” qualidade de áudio quando o assunto é gravação musical!
Apesar de tantos músicos e compositores talentosos, infelizmente a nossa colocação no ranking da sonoridade ainda é muito ruim.
O motivo disso é triplo.
Primeiro a maior parte dos músicos, estúdios de gravação, técnicos e produtores musicais não dispõe de equipamentos de alta sofisticação e o motivo da falta desses recursos é pura e simplesmente o alto custo desses aparelhos e instrumentos.
Basta saber que as indústrias nacionais não detém tecnologia de ponta para produzir equipamentos eletrônicos de grande elaboração digital (processamento e software) e para abastecer o mercado interno, é preciso recorrer às importações desses produtos a fim de lançar mão de seus sofisticados recursos. No entanto ao importa-los inexoravelmente nos deparamos com dois fatores que os encarecem enormemente e dificulta sua difusão em nosso por aqui. Os pontos que me refiro são a taxa de câmbio (o dólar estava cotado em R$ 4,15 quando da redação desse texto) e como se não bastasse o obstáculo da moeda, o governo brasileiro ainda impõe taxas e impostos na importação, o que acaba de matar as possibilidades da aquisição dos equipamentos e instrumentos mais sofisticados.
O segundo ponto é a falta de qualificação profissional de grande parte dos produtores e técnicos de som. Muitos desses profissionais não têm aprendizado formal (faculdade de produção musical, engenharia de áudio ou cursos de especialização ou profissionalizantes). Os fatores são dois! O primeiro é que não existe grande oferta desse tipo de curso, sendo que normalmente apenas se encontra escolas dessas disciplinas em alguns dos grandes centros do país, sendo que nas cidades do interior eles são muito raros. O segundo é o preço para se fazer tais cursos, o que além das mensalidades, também acaba envolvendo o deslocamento, alimentação e hospedagem para ir até às escolas, visto que muitas pessoas moram longe das capitais.
O terceiro motivo é o senso estético que vigora no Brasil e esse “norte” sonoro sempre caminha por conceitos do tipo “menos é mais”, onde a economia de elementos musicais nos arranjos das músicas e a objetividade são sempre privilegiadas em detrimento da complexidade e da criatividade.
Vou dar um exemplo: Acreditem ou não, praticamente todos os consagrados produtores fonográficos brasileiros limitam os tamanhos das introduções das músicas, assim como seu tempo de duração (que para ser “radiofônico” tem de ser no máximo três minutos e meio), bem como eles também cortam solos mais logos e os desempenhos mais rebuscados dos instrumentistas. Porém, esse ainda não é o ápice do “barato cortado”, alguns produtores vão além e simplificam as palavras e o tamanho das letras.
Ou seja: No Brasil jamais seria possível que bandas como Pink Floyd, Queen, Led Zeppelin, Rolling Stones, Yes e muitos dos grandes nomes da música mundial tivessem suas obras lançadas sem serem deturpadas pela amputação e adulteração de seus arranjos e criatividade.
A justificativa para todos esses cortes é que o público não tem qualificação para consumir e gostar de obras mais elaboradas, o que na minha opinião equivale a subestimar e a chamar o povo de burro, privando o Brasil da verdadeira musicalidade e criatividade dos músicos e artistas brasileiros.
Quer saber se estou dizendo a verdade?!
Simples! Compare um disco da Anitta com um da Madonna, ou um da banda Calipso com um CD da Tina Turner. Veja se a maioria dos discos do rock brasileiro alcançam a qualidade do áudio de discos recentes do Bruce Springsteen, Paul McCartney, John Fogerty (guitarrista e vocalista do Creedence), do Rolling Stone, Oasis, U2, e de outras bandas gringas.
Acho que não é nem preciso fazer essas audições pra concluir que o áudio da maior parte das produções nacionais não terá a mesma qualidade dos internacionais, não é?!
O Brasil tem músicos, artistas e compositores maravilhosos, com obras fantásticas e essas músicas mereciam ter uma sonoridade à altura!
Para isso é preciso que o governo desonere as importações desses equipamentos e instrumentos sofisticados e que haja incentivos tanto para a aquisição dessas “ferramentas”, quanto para a formação de profissionais gabaritados, assim como seria muito importante termos um público apto a ouvir músicas melhores!
Que todos tenham um ótimo, divertido, revigorante e muito musical final de semana!