Nessa terra tupiniquim, os julgamentos de grande parte das pessoas a respeito das produções artísticas, culturais e jornalísticas vêm se realizando de forma errada e consequentemente se concluindo em erros também.
Esse é o país onde os jogadores de futebol são mais importantes do que os médicos. Aqui esses atletas ganham mais do que todo tipo de artistas, cientistas e pesquisadores e onde os assuntos relacionados a isso repercutem mais e tomam maior espaço nas mesas dos bares e nos veículos de comunicação do que as coisas realmente relevantes.
Aqui, na terra onde cantam os sabiás, as aves são sufocadas pela fumaça das queimadas de cana e dos canos dos escapamentos dos veículos. O canto está desafinado e faz tempo. Em gêneros como o pagode e o funk carioca a afinação é um luxo difícil de ser encontrado. No sertanejo e no axé as notas são mais precisas, mas os temas das letras também não comunicam quase nada além do amor sexual e enquanto todos os estilos musicais mais populares do Brasil estão aficionados pelos pipis, pepekas e pela obsessão aos buracos negros não astronômicos, o povo todo vai cada vez mais saudando a mandioca que é empurrada pelos políticos.
Nem a pretensão à verdade é mais objeto das notícias e das avaliações especializadas. Agora está oficialmente instituído o clima de Flá vs Flú, de Palmeiras vs Corinthians, de Brasil vs Argentina…
Somente uma minoria ínfima está realmente atenta ao que está acontecendo e desprendida o suficiente para se posicionar por si mesma diante dos fatos. Só para explicar o que quis dizer quando escrevi a palavra “verdade”. Refiro-me a simplesmente se ater aos fatos. O projeto da previdência, por exemplo… Trata-se de um tema “matemático”! Ele diz respeito a categorias de pessoas que com certas idades vão se aposentar em determinadas faixas salariais por terem contribuído de determinadas formas. Só isso! Reparem que “ninguém” aborda esse tema com esse enfoque.
Uns dizem que vai privilegiar os ricos e prejudicar os pobres e outros dizem o oposto. Todas as pessoas que discordam tentam desqualificar as reputações de seus oponentes de qualquer maneira. Sem saber em quem e no que acreditar e sem ter uma informação técnica e didática a respeito do assunto, a maior parte do povo simplesmente desencana de temas como esse e vai assistir novela ou para festas genitais onde o repertório circula pelos estilos musicais mencionados, ou então vai dar sua total atenção ao futebol, mergulhando todo seu intelecto em questões do tipo: “Quem matou O Odete Roitman?” Ou então em como 22 atletas tentam chutar uma bola dentro de um retângulo.
Todos os anos os prêmios Nobel vão sendo dados à pessoas de outros países. A China, Korea e outras nações crescem em suas economias e no seu IDH e nossas seculares comunidades ribeirinhas continuam defecando nos mesmos rios onde escovam seus dentes, nadam, lavam roupas, tomam banho e eventualmente são comidos por piranhas e jacarés. O que depois de 500 anos de Brasil varonil e sem providências transformadoras, é o mesmo que reconhecer que isso é normal e que vamos conviver permanentemente com esse tipo de realidade.
O Brasil não é um gigante adormecido. Esse gigante está dopado, infantilizado, cambaleante, bêbado, desnorteado, desorientado, com sérias sequelas mentais, enormes vícios, sem ética, tem parca capacidade de aprendizado e produtividade comprometida.
Caso tenhamos alguns aspectos gigantescos, deve ser quanto ao tamanho territorial e quanto à disposição para a corrupção. Recentemente assisti ao pronunciamento que o economista Roberto Campos (já falecido) fez há muito tempo no 1º Fórum da Liberdade, onde ele afirmou que o problema do Brasil não era ter uma constituição, mas cumpri-la. Sinceramente, ainda não sei como em determinado momento alcançamos o status de 7ª economia do mundo…
As cabeças das pessoas estão muito atentas e preocupadas com superficialidades e supérfluos. Grande parte dos que resolveram participar da política, o fazem apenas de forma combativa. E os fatos, ponderações, análises e conclusões devidamente fundamentadas ficam imersos e perdidos nesse mar revolto de efluentes brasileiros.
Com esse presente; o Brasil ainda é o país do futuro?!
Que todos tenham um bom final de semana!