Menos Não é Mais!

A infantilização da produção artística brasileira é vista, lida e ouvida a olhos nus!

Aliás, pode-se dizer que em termos psicanalíticos estamos em plena fase anal da cultura brasileira. E não adianta me chamar de moralista, porque sou músico, sou roqueiro e acabo de escrever a palavra “anal” no Opinião Jornal, de circulação pública!

Ainda vou além e digo que esse termo evidencia três fenômenos:

O primeiro deles é a fixação das letras das músicas, scripts de peças de teatro e roteiros de cinema e televisão com foco prioritário nas bundas.

O segundo fenômeno é que a maioria das produções artísticas apresenta evidente qualidade escatológica! Ou seja, está uma merda!

O terceiro “phelômenu” (escrevi errado propositalmente!) refere-se à idade em que a tal fase anal ocorre; que segundo a literatura freudiana tem início quando o bebê faz aproximadamente 1 ano e dura até a criança completar cerca de 3 anos. E é aqui que está o “x” da questão! Grande parte da produção artística brasileira encontra-se “infantilizada”!

Pra quem não é do meio artístico e cultural e que porventura não tenha entendido o título desse artigo (Menos não é mais!), é que esse é um dos maiores chavões das últimas décadas nesse segmento produtivo e mercadológico.

Mas como isso ocorre?!

Um exemplo ocorre nas gravações fonográficas, quando o produtor de um disco começa a amputar partes e características das músicas. Ao se deparar com uma introdução longa e opta pela diminuição ou mesmo por tirá-la do arranjo. Ao identificar um acorde dissonante, a recomendação é para simplificar a harmonia. Essa simplificação também ocorre quando as linhas de contrabaixo e de bateria contêm muitas notas ou são muito sincopadas e quando um solo é mais longo, a decisão é de diminuir sua duração. Nas letras, não se permite o uso de palavras complexas e de frases longas que exijam maior esforço para que sejam compreendidas. Se os temas das canções forem políticos ou polêmicos, as músicas poderão não ser tão tocadas mesmo que sejam boas, porque várias emissoras não quererem manifestar tendências políticas. Fora que do ponto de vista comercial nenhuma música pode ter mais do que 3 minutos e meio.

Notem que bandas mundialmente aclamadas como Pink Floyd, Queen, Rush, Zeppelin, Beatles, Sabbath, Stones, Doors, The Who, Deep Purple, Ten Years After, Van Halen e artistas como Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Gary Moore, BB King, Slash, Santana, Jaco Pastorius, Sting, Nina Simone, Aretha Franklin e muitos outros nomes de relevância artística mundial não sobreviveriam a uma produção abrasileirada sem ter seus trabalhos amplamente “castrados”!

A mesma tintensidade de simplificação brasileira ocorre com relação aos textos dos livros e dos scriptis de teatro e roteiros de TV e de cinema. Regra que se fosse aplicada à toda produção da historia da cultura humana, a inibiria ou a desqualificaria por completo!

O que era para tornar a arte mais acessível ao público acabou por tornar a arte menor. As músicas não têm mais a riqueza de detalhes. Os textos, os espetáculos de qualquer natureza e as produções audiovisuais também perderam qualidade. A produção artística e cultural brasileira (e parte da mundial) se despiu de suas técnicas e de seus recursos. Num primeiro momento os profissionais dessas áreas ainda sabiam criar e produzir de forma requintada, mas com o passar do tempo e com a vinda das novas gerações, os artistas já não tinham mais todos os conhecimentos anteriores e a deterioração ocorreu sistematicamente, chegando ao que vemos, ouvimos e lemos atualmente.

Do presente, olhando para o passado, é fácil visualizar os resultados desastrosos que aquela frase tão pequena e que parecia tão sábia causou. A frase é: “As vezes  menos é mais!”

Ela nivelou a cultura pelos incultos. Misturou os conceitos de arte e de cultura com o simples entretenimento. Tornou essa massa inculta em ávidos consumidores recreativos e criou um mercado de diversão para atender a essa demanda, mas o processo de criação desse segmento acabou por quase destruir a produção artística e a cultura de profundidade, porque essas não têm tantos “consumidores” e, portanto não têm tanto “faturamento”.

Ou seja, a infantilização da arte e da cultura para que fosse absorvida por um público inculto e carente de preparo, sensibilidade e de educação, acabou por levar praticamente toda a cultura brasileira diretamente para a fase anal, onde a qualidade ficou uma merda e a idade mental dos artistas equivale a de crianças de 1 a 3 anos (sem contar Mozart e exceções similares…)!

E antes que eu seja atacado por críticas que enumerem as diversas exceções brasileiras que ainda produzem arte com qualidade, peço a devida atenção com meu texto, que obviamente se refere ao cenário macroscópico do mercado cultural e não dos poucos nichos artísticos que sobrevivem.

Que todos tenham um ótimo final de semana e deixo o convite para que compareçam na Exposição de Autos Antigos que acontecerá na Praça Barão de Araras/SP, onde vou tocar com minha banda, nesse domingo (19/Maio) à partir das 13h.

Espero vocês lá!

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