Status de Ministério Resulta em Benefícios?

O Brasil veio se acostumando a um tipo de política de “puxa saquismo”, onde a invenção de ministérios governamentais e a nomeação de pessoas partidárias ou de representantes de classes serviam para barganhar apoio para os governantes e também para dar a sensação de que se estava fazendo alguma coisa concreta.

Sou da opinião de que o número de pessoas envolvidas eleva a quantidade de opiniões, que por sua vez representam algumas possibilidades produtivas, mas às vezes servem apenas para representar os “egos” dos evolvidos e que ao não serem acatadas algumas das tais sugestões, findam por ferir o íntimo dos “pitaqueiros”, resultando em conflito.

Traduzindo: Quantos mais ministérios, mais ministros, mais secretários e assessores, mais opiniões nas próprias pastas e nas dos outros e o volume de ideias vai muito além do que se poderia fazer realmente, gerando conflitos e aumentando (e muito) as despesas públicas.

Por outro lado, ao contemplar um grupo X ou Y (como o pessoal da cultura ou dos esportes) com ministérios específicos faz parecer que essas pastas exclusivas fariam realizações eficientes e elevariam o status das áreas com condição de ministério.

Mas se as coisas ficam somente no papel e não se concretizam em ações, de que adianta os status ministeriais?!

Nas estruturas dos governos anteriores havia os ministérios da cultura e dos esportes, porém o futebol continuou sendo o principal esporte no país e a área esportiva teve seu crescimento de mercado justamente nessa modalidade por conta de que o Brasil exporta jogadores que se despontam mundo afora. No MMA, onde o jiu-jitsu dos Gracie criou uma escola típica daqui, também houve o aparecimento de grandes atletas e diversos campeões dessa categoria. Nas demais modalidades desportivas não houve um crescimento tão significativo. Dessa forma, percebe-se nitidamente que os investimentos públicos nas outras áreas não resultaram em tantas medalhas e pódios.

Na cultura e nas artes ocorreu basicamente o mesmo e nesse caso podemos ver que os tipos de arte com maior adesão do público brasileiro é a música popular cantada e a produção televisiva.

Quanto à música, os gêneros que aglutinam mais público são o sertanejo atual, o pagode, o funk carioca (que deveria chamar “pancadão”) e o axé. Vê-se também que os programas de TV ligados à música têm grande repercussão junto aos telespectadores e impulsionam as carreias dos cantores e das bandas participantes. Em geral são programas basicamente focados no canto.

Das produções televisivas, as que colhem maior audiência continuam sendo as telenovelas, programas de humor e minisséries. Ainda é possível observar um desdobramento da influência da TV nos segmentos do teatro, do cinema e no Youtube, onde os famosos atores, atrizes e humoristas dominam largamente os rankings de visualizações e público pagante para os espetáculos.

Creio que depois do primeiro momento da Internet (quando havia maior liberdade nas publicações e visualizações), agora tudo está convergindo para as grandes empresas de mídia e de certa forma a rede mundial de computadores acabou se somando ao “main streaming”.

Ocorre que inicialmente não tinha como as empresas provedoras de Internet, de conteúdos e das redes sociais gerenciarem, direcionarem, impulsionarem e até bloquearem pessoas e conteúdos, mas hoje em dia essa indústria gigantesca atua incisivamente sobre tudo o que circula nos meios de comunicação digital. Porém, quando pensamos em termos de “microcosmo”, ainda se vê possibilidades baratas para divulgar os trabalhos artísticos, mas quando se quer abrangências maiores, os custos ficam altos.

Observe que os cenários esportivo e cultural que vinham do passado passaram pelos governos anteriores (onde as duas áreas tinham ministérios) e nada mudou profundamente. O futebol, a música popular cantada e a teledramaturgia já eram fortes e cresceram ainda mais! As áreas subvencionadas como a música erudita, o cinema, teatro e os esportes olímpicos continuaram precisando de subvenção governamental. Ou seja, o “mercado” foi muito mais eficiente do que as políticas públicas! Muito mais!!!

Queremos mais arte e mais cultura?! Sim!!!

Queremos mais modalidades esportivas e resultados melhores nas competições?! Sim também!!!

Mas isso vem apenas por constituir ministérios dedicados a essas áreas (ou quaisquer outras)?! Já vivenciamos e vimos que não…

Então qual seria a melhor forma de elevar definitivamente a qualidade artística, cultural e desportiva?! Primeiro têm que dar educação dessas áreas nas escolas infantis, juvenis e concomitantemente a isso se têm de fortalecer o “mercado” dessas mesmas áreas para que as empresas, profissionais e público que produzem e consomem as produções e realizações aumentas e se tornem auto sustentáveis e evoluam! Só assim o Brasil vai avançar!

Penso que seja isso que os profissionais das artes, cultura e esportes deveriam requerer junto aos governos municipais, estaduais e federal: Que haja investimento e ações efetivas para fomentar e promover os mercados ligados a essas áreas!

Basta lembrar da breve análise acima para perceber que onde o “mercado” tinha maior interesse e atuou com maior força, houve crescimento e continuidade, atravessando as dificuldades, adaptando-se e se modernizando no decorrer do tempo e dos governos.

Despeço-me com a enorme alegria de não precisar pautar outra tragédia descomunal e findo por desejar a todos um ótimo, divertido e revigorante final de semana!

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