Vamos tentar entender o que aconteceu em Brumadinho?!
Não senhores políticos, não senhores fiscais públicos do meio ambiente, não corpo técnico e diretores da Vale e não consultorias terceirizadas para vistoriar a barragem!
Mil vezes, NÃO!
O que aconteceu em Brumadinho não teve nenhuma outra razão a não ser duas: “GANÂNCIA” e “DESRESPEITO”.
Ganância porque os políticos só pensam na arrecadação de impostos, doações para campanhas, vantagens diversas, tirar proveito de seus cargos passageiramente perpétuos e o gerenciamento de quaisquer porções territoriais e pessoais (cidades, estados e país) é feito apenas com base em meros números e estatísticas. Praticamente gerenciam simples planilhas e gráficos em telas de computadores. Aqui sou obrigado a fazer uma ressalva sobre aqueles que assumiram seus mandatos recentemente e não tiveram atuação pretérita nesse caso.
Ganância porque o conserto de centenas de barragens obsoletas e que já haviam se comprovado perigosíssimas, dado à tragédia de Mariana, simplesmente não foi feito durante os últimos 3 anos por conta dos altos custos e da diminuição da produtividade da Vale, que por sua vez é uma empresa de capital aberto na bolsa de valores e que têm de apresentar planilhas e gráficos aos seus investidores e quotistas para satisfazer o mercado com prazeres numéricos.
Ganância porque os órgãos públicos, consultorias terceirizadas e os técnicos em segurança da Vale não fizeram frente às evidências de que a barragem estava comprometida; ou por covardia de enfrentar tão potente empresa e interesses governamentais e acabaram sendo submissos a superiores que ordenaram seu silêncio (caso da preservação de seus empregos), ou porque venderam seu laudos e suas consciências por ganhos financeiros, ou porque foram incompetentes, sendo que nesse caso pesa a responsabilidade em quem os contratou e na sua próprio ineficiência, visto que nenhum emprego formal dá o direito de colocar a vida de terceiros em risco.
Desrespeito porque os políticos já não sabem mais diferenciar o “mundo real” do “universo político” e confundem siglas com pessoas. Esqueceram que o país, o estado e as cidades nada são sem as pessoas que os habitam. Também porque se distanciaram tanto do mundo das “pessoinhas” que pensam em milhões como se fossem tostões e nesse sentido se aproximam muito da assombrosa deficiência cognitiva de Maria Anotnieta, que mandou dar “brioches” ao faminto povo da França. Senhores políticos, saibam que há vida para além de seus gabinetes!
Desrespeito porque a Vale reincidiu da forma mais grave no erro mais grosseiro e fatídico da história ambiental do Brasil. O alto escalão dessa empresa “nada aprendeu” sobre o potencial desses desastres, tendo em vista que o mesmo ocorreu em Mariana há pouquíssimo tempo. Não dá nem pra chamar o ocorrido de acidente ou incidente, as palavras que se encaixam melhor denotam escalas superlativas; como “desastre”, “catástrofe”, “calamidade”! Uma empresa que vitima rios, florestas, destrói a topografia de regiões e por fim, afoga centenas de pessoas na lama e mata milhares de animais (mamíferos, peixes, répteis, aves, insetos…) não pode ser vista como benévola ao país. Nem que gere lucros! Destruições dessas superam quaisquer fatores de ordem econômica.
Desrespeito porque os órgãos públicos fiscalizadores, o corpo de segurança de barragens da Vale e as consultoras terceirizadas calcularam os metros cúbicos daqui, as toneladas dali, o volume de lá, a vazão de não sei onde, o fluxo de sei lá o que e se esqueceram de olhar ao redor e “ver” (com os olhos) as centenas “pessoas” que viviam logo abaixo daquele gigantesco dique assassino. O obscurantismo e a abismo entre os complexos cálculos e a obviedade da visão das pessoas situadas em áreas de risco me causa um espanto imenso.
- Agora estão tentando politizar essa tragédia e querem mais regulamentação, mais leis, mais fiscalização e simplesmente nada do que for escrito em nenhum papel vai pular para o mundo real. Não vai adiantar fazer esse exercício de masturbação intelectual e ejacular tudo na forma de legislação. Já existem as normas técnicas, diversas leis, convenções ambientais, têm os ISO X, Y, Z… O que acontece é que nada disso é posto em prática e nem levado a sério, por 2 simples motivos de “GANÂNCIA” e “DESRESPEITO”.
O que sei é que não veremos mais os olhos e os sorrisos, não ouviremos mais os passos, a voz, as palmas e o canto, também não haverá as bodas de prata nem de ouro, tampouco se farão os aniversários ou se comemorará os namoros, noivados, casamentos e formaturas, nem terão filhos e filhas ou serão netos e netas, de todas as vítimas de Brumadinho e de Mariana.
Duas cidades vitimadas da mesma forma, por uma empresa em comum.
Centenas de pessoas mortas.
Enfermidade gravíssima do meio ambiente.
Isso Vale à pena?!
Que todos tenham um revigorante final de semana.