Azul ou Rosa?! Eis a questão!

Em meio a uma enorme quantidade de notícias difundidas diariamente pela imprensa, muitas vezes ficamos sem ter uma medida coerente para balizar todas as informações e estabelecer uma graduação de suas importâncias.

Somente para relembrar, aqui vão algumas das notícias recentes: A posse do novo presidente e de todos os governadores. As posses de todos os ministros do Governo Federal e de todos os secretários dos Governos Estaduais. O desligamento de Kassab devido às denúncias de corrupção. A exoneração em massa dos antigos funcionários da Casa Civil e a contratação de um novo elenco alinhado com a política da direita. A presença do filho do presidente no carro oficial da cerimônia de posse, a qual sou crítico porque o Brasil elegeu um governante e não uma família real. O fantástico pronunciamento em libras da primeira Dama. A agressão do ex-marido que ateou fogo à ex-mulher e a do marido que bateu na esposa, dentro do elevador. O caos social que irrompeu na forma de múltiplos atentados no estado do Ceará. E entre outras tantas que não citei aqui, também teve a fala da titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos – Damares Alves – dizendo o seguinte: “Então, é uma nova era no Brasil. Menino veste azul e menina veste rosa”.

E aí ficam as perguntas: Qual dessas notícias a imprensa deveria focar com maior atenção? É possível dimensionar a importância das notícias que circulam na imprensa?

Uma das possibilidades seria a de verificar a importância devido ao tempo que os órgãos de comunicação dão às informações, mas no ambiente da televisão, teríamos que assistir aos jornais cronometrando os assuntos porque as diferenças de duração entre uma pauta e outra são mínimas e, acho que nos surpreenderíamos ao verificar que simples comerciais de produtos quotidianos durassem mais do que assuntos que envolvem vidas humanas.

Outra possibilidade seria a de balizar a importância dos assuntos devido à proporção das reações das pessoas frente a elas (e aos fatos). Nesse caso há de se identificar qual militância política reage aos assuntos e temos de lembrar que (por via-de-regra) os que são contra sempre se manifestam com mais força do que os favoráveis. Isso aconteceu quando os eleitores anti PT se somaram aos eleitores do Bolsonaro para tirar os esquerdistas do poder e agora se repete com as críticas do time da esquerda a tudo o que se inaugura no Governo Federal. E se; “quem cala consente”. Quem não consente grita!

Vê-se que grandes reações a uma notícia não necessariamente são causadas pela dimensão e importância do assunto tratado, mas podem ser motivadas por grupos pró ou contra os personagens que dão causa às notícias. Essas reações ganharam muita força devido às redes sociais.

O outro ponto é que a mídia nacional não trata os assuntos da mesma forma que a imprensa regional. Dessa maneira fica fácil de imaginar que no Ceará a imprensa deva estar muito mais atenta ao violento caos social que se instalou no estado, do que sobre as cores que a Ministra Damares acha melhor para as crianças vestirem. Aliás, sobre essa questão das cores, eu só digo três coisas: Toda brecha dada será devolvida a tapas pelos opositores! (risos) Cá entre nós, cor de roupa não é questão de Ministério de Governo Federal! E muita gente votou contra o PT (e a esquerda, em geral) porque eles sempre adentram em assuntos pessoais e familiares e tratam coisas de fôro íntimo como questões de Governo. Então não convém repetir esse tipo de intromissão e o que ficou expresso na última eleição, é que a maioria do eleitorado brasileiro “não quer” o Governo presente nessas questões e “quer” que ele “se retire” desses assuntos onde adentrou.

Mas voltando à questão das importâncias das notícias, eu cito aqui uma opinião do jornalista Paulo Francis que dizia que a imprensa escrita contém mais condições para analisar e se aprofundar nos fatos do que as emissoras de TV, que têm escassez tempo. Mas alerto para um fenômeno atual que talvez ele não tenha visto com tamanha proporção: Há imprensas (de qualquer natureza: rádio, TV, internet e impressa) com inclinações políticas radicais e é importante observar isso no veículo que se for consultar para não se deixar enganar.

Por fim, saliento uma regra que está no Manual de Redação da Folha de SP e que parece que ela mesma não vem seguindo com rigor! (risos) As pautas hierarquicamente mais importantes são as que correspondem a “fatos de incontestável interesse geral e as notícias de utilidade pública”.

Esperando contribuir com algo positivo nesse turbilhão midiático que atravessamos, me despeço desejando a todos um ótimo, divertido e revigorante final de semana!

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