“Um vespídeo solitário, de ferroada dolorosa” no significado literal do dicionário, ou apenas “moleque” no sentido da gíria nordestina (origem paterna), foi o apelido que recebeu de seu pai João Araújo mesmo antes de nascer.
Desde cedo preferiu ser chamado de Cazuza, ao nome de batismo (Agenor de Miranda Araújo Neto), apenas aceitando este último bem mais tarde, quando descobriu ser homônimo do grande compositor “Cartola” (um de seus preferidos) e posteriormente ainda seria denominado como “o poeta de sua geração”.
Cazuza nasceu em 1958 percorrendo uma vida cheia de particularidades e trazendo para o rock, letras inspiradas, repletas de experiências pessoais e de grandes influências, como: Kerouac, Nelson Rodrigues, William Blake, Augusto dos Anjos, Ginsberg, Cassandra Rios, Rimbaud, Fernando Pessoa, Drummond e Clarice Lispector.
Após sua estada inicial como cantor do Barão Vermelho, em 1985 seguiu carreira solo, mas manteve suas parcerias com Frejat (guitarrista e posteriormente vocalista desta banda) e com o produtor musical Ezequiel Nevez, (este último que faleceu neste último dia 07/07/2010, aniversário de 20 anos da morte de Cazuza).
Foi neste momento que Cazuza ganhou a alforria para trabalhar em suas composições como bem quisesse e produziu seus principais álbuns; o “Cazuza” em 1985, “Só se for a dois” em 1987, “Ideologia” em 1988 e no ano seguinte lançou “Cazuza ao vivo – O Tempo Não Pára” e seu último disco, “Burguesia”.
Esses cinco álbuns reúnem talvez a maior qualidade literária musical desde Chico Buarque, ambos até com características parecidas. Eles tinham um certo escárnio ao expressar a “verdade” e desnudavam a realidade de uma forma um tanto agressiva, rasgando os véus da dissimulação e esmigalhando os grilhões da falsa moralidade conservadora. Talvez por isso os considero tanto.
O fato é que Cazuza sintetizou idéias complexas, construindo frases que remetiam à visualização de imagens (adoro textos imagéticos), tudo num português acessível e que o grande público brasileiro assimilou e degustou com fervor, consumindo suas músicas (seja nas rádios ou na compra dos discos), transformando aquele ser de aparência frágil e vida curta (morreu aos 36 anos) num sucesso inimaginável para quem dizia e fazia tudo de uma forma no mínimo chocante.
É meio inexplicável, se não fosse por dois únicos e relevantes fatores. Cazuza reunia sensibilidade e qualidade, o que expressavam seu talento e potencializavam a forma com a qual ele conseguia tocar as pessoas.
No aniversário de morte deste célebre compositor, venho prestar-lhe homenagem e oferecer o link de seu site oficial aos leitores, onde é possível encontrar toda a sua obra disponível, conteúdo diverso (fotos, vídeos…) e várias informações interessantes: www.cazuza.com.br.
E como o tempo não pára, findo desejando um bom final de semana a todos!
1 comentário
Autor
Muito bom esse artigo Nando. Parabéns cara!