Acredito que estaremos vivendo a fase positiva numa nova onda para o blues brasileiro.
Encorajo-me a traçar esse prognóstico dado à observação do comportamento dos volumosos e diversos públicos dos inúmeros festivais de música que vêm acontecendo pelo país.
Somente esse ano houve a 8ª edição do Bourbon Festival Paraty, o 5º Festival de Seguridade Social do Banco do Brasil, a 5ª edição do Festival de Blues da Granja Viana, o II Bourbon Folk & Blues Ilhabela, agora em julho está por acontecer o 4º ano consecutivo do Samsung Best of Blues e ainda teremos os tradicionais festivais de Rio da Ostras e o Bourbon Street Fest, entre tantas outras importantes iniciativas que acontecem pelo país inteiro.
Praticamente todos são eventos que mesclam atrações nacionais e internacionais e promovem uma interação entro os cenários musicais do Brasil e estrangeiro. Outro fator estimulante nesse segmento musical são as jam sessions (canjas musicais) ou mesmo os shows com participações especiais.
Tais arranjos entre artistas potencializam as apresentações e colocam o melhor de cada perfil à disposição da música e do público. Para Herbert Lucas (curador e produtor musical e diretor artístico do Bourbon Street), esse é um recurso bastante positivo e que promove resultados imediatos (no próprio show onde houve a junção) e resultados posteriores que por vezes resultam na gravação de CDs, DVDs ou mesmo em turnês conjuntas.
Uma das coisas que venho observando com muita felicidade é o acolhimento que artistas consagrados têm dado aos novos nomes. Um exemplo disso é o projeto “Cozinha Etílica” do baterista Pedro Strasser e do baixista Claudio Bedran (ambos do Blues Etílicos) que recebem convidados de diversas partes para tocar nas melhores casas do Rio de Janeiro.
Outra lenda que ciceroneia novos blueseiros é o gaitista e vocalista, Flávio Guimarães, que recebe participações especiais, canjas e realiza shows com diversas formações de músicos em várias regiões do país, além de tocar com sua banda de origem, o Blues Etílicos.
Em Ilhabela o blueseiro brasileiro mais condecorado da atualidade recepcionou o gaitista Ivan Márcio, este jornalista (e músico) que vos escreve, assim como foi recebido pela lenda norte americana, a cantora Jackie Scott.
No mesmo festival o guitarrista Fred Sunwalk contou com a participação da cantora e saxofonista francesa Vanessa Collier, o que somou amplificou a energia do show e arrebatou o público.
Para mim, esse acolhimento de novos artistas quebra a mesmice e promove o lançamento de uma série de trabalhos novos, que vêm endossados pela qualidade de expoentes anteriores e culminam por gerar uma espécie de revitalização do blues, agregando mais público para o gênero.
Para Edgard Radesca (diretor do Bourbon Street, casa que atua há 23 anos nesse nicho do show business), o planejamento e cuidado na produção dos shows e Festivais aliados à escolha cuidadosa dos artistas (onde a qualidade e envolvimento com o público são fatores primordiais) resultam numa receita infalível e vencedora, porque as pessoas recebem muito bem shows como estes. Elas apenas não têm acesso a isso o tempo todo, mas literalmente adoram quando têm e o retorno sociocultural é enorme.
Outro fator primordial para o novo fortalecimento do blues e de seus derivados é a erradicação do conceito de que se tratava de um estilo “triste” e exclusivamente da “lamentação” advinda do sofrimento dos escravos dos Estados Unidos. Observe a vibração e a alegria das pessoas na foto do show que ilustra esse artigo!
Que fique claro! O blues é um gênero musical enorme e pode abrigar músicas mais lentas e mais agitadas, mais pesadas e mais leves, assim como mais tristes e mais alegres! Tal como o samba, o sertanejo, o pop e qualquer outro estilo.
Esse conceito errado e amplamente difundido no Brasil fez com muitas pessoas se afastassem do blues, afinal: Quem gostaria de sair de casa e ainda pagar para assistir a um show de lamúria musical???
Com um voto positivo para esse estilo de música, me despeço desejando a todos um ótimo, revigorante e muito divertido final de semana!
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