Caetano Veloso deve ter se servido de uma bola de cristal ao compor a música que dá título a esse artigo, porque não só vivemos mais problemas raciais, mais pobreza e mais injustiça social, como agora acolhemos essas vicissitudes do nosso país vizinho da América Central, o Haiti.
A onda de imigração de haitianos para o Brasil já preocupa e demanda ações (sempre tardias) por parte de nossos governantes. Sua porta de entrada é o Acre e o padre Paolo Parisi, que inicialmente acolhe esses refugiados na Paróquia Nossa Senhora da Paz (na Baixada do Glicério, no centro de SP) diz que vem dialogando com o governo brasileiro desde outubro do ano passado numa tentativa de solucionar o problema, mas por diversas vezes perde as esperanças porque as coisas não saem da conversa. Típico dos governos brasileiros, não é?!
O que importa é que sem nenhum tipo de aviso, coordenação e amparo, os haitianos vêm chegando e somente hoje vieram mais 4 ônibus do Acre para a capital paulista, que os acolhe como dá, ou seja: mal e porcamente.
Nesse sentido, o Brasil segue em direção oposta aos fechamentos dos países europeus e norte-americanos (os mais ricos e dito civilizados). Aqui se abre as fronteiras e se permite a imigração com visto automático para países como o Afeganistão, Irã, Iraque, Jordânia, Líbano, Líbia, Palestina, Paquistão, Síria e agora o Haiti.
Seríamos um país mais humanitário, ou mais ingênuo e menos prudente?! Não há como esquecer que essas nações, das quais acolhemos prontamente a imigração, são berços de religiões fundamentalistas, expansionistas e vivem em guerra há séculos (algumas há milênios).
Outras questões: Que pessoas vem de lá e o que trazem culturalmente, quais seus padrões de comportamento e qual o impacto que gerarão na sociedade brasileira?!
Esse tipo de política externa brasileira já foi objeto de críticas por diversos deputados (como o parlamentar Onyx Lorenzoni) e manchetes na imprensa, como a do jornal “Diário do Poder” com o título de “Itamaraty ignora segurança e escancara o Brasil” (www.diariodopoder.com.br/noticia.php?i=13102114130) e da Revista Veja (http://zip.net/bdrjl3), entre outros veículos.
Vejam como outras nações lidam com essa questão: A Inglaterra, frente ao aumento de 20% da imigração irregular, pretende criminalizá-la (o que hoje incide apenas como infração), punir os contratantes desse contingente populacional e até confiscar os salários dos ilegais.
A Malásia e a Indonésia darão guarida por um ano aos refugiados que se encontram à deriva no mar e já solicitou que nações pertencentes à comunidade internacional amparem esse contingente.
O que ocorre, é que o Brasil não está sendo bom nem para os brasileiros e acho difícil acolher populações carentes de nações estrangeiras que não têm a cultura e a língua local. Nesse momento há mais de um milhão e seiscentos mil desempregados bem aqui. A taxa é de 6,4% segundo dados do IBGE e é o maior índice desde 2010. Ao compararmos com a mesma época de 2014, esse volume aumentou em incríveis 32,7%! Ou seja, a cada 100 pessoas empregadas no passado, cerca de 33 delas agora estão desempregadas!
Para se ter uma ideia, um milhão e seiscentos mil trabalhadores desempregados podem desamparar aproximadamente seis milhões e quatrocentas mil pessoas, se computarmos que suas rendas auxiliariam famílias com 3 dependentes. Estamos falando em um número que reflete boa parte das populações de países inteiros!
E junto com a falta de emprego, o desamparo social e a falta de perspectiva vem inexoravelmente o aumento da criminalidade… Os noticiários não param de trazer casos de estupro dentro de escolas de ensino médio, esfaqueamentos consecutivos no Rio de Janeiro (o último vitimou o médico ciclista e foi praticado por um menor que já tinha 15 passagens pela polícia) e até uma escola inteira, no bairro da Ceilândia no Distrito Federal, que está dominada pelo tráfico de drogas e sua diretora está ameaçada de morte por chamar a polícia!
A mesma polícia e governo que são eficientes para reintegrar a posse de um terreno particular e despejar mil e quinhentas famílias (cerca de seis mil pessoas) na sarjeta (fato ocorrido ontem na cidade do Recife – PE), mas que não fazem jus frente aos criminosos.
O ponto em que chegamos: Em Araras (interior do estado de São Paulo) um cidadão de 32 anos, desempregado e indignado invadiu a recepção da Câmara Municipal com um porrete de madeira para retribuir o carinho que recebemos da representação do legislativo e após ter sido frustrado pela Guarda Municipal, retornou nessa 4ª feira e jogou 3 sacos com fezes alvejando o prédio, como se pagasse os serviços dos vereadores com a mesma moeda. O que não é nada típico de uma cidade pequena e teoricamente pacata… Pois é: Os ânimos estão exaltados…
Isso me faz lembrar o surgimento da banda R.E.M (no início da década de 1990), que se projetou com a música “Losing My Religion” (perdendo minha religião) e, posso pensar que se eles fossem brasileiros nessa atualidade teriam composto “Losing My Faith” (perdendo minha fé), porque do jeito que está, fica cada vez mais difícil de acreditar num futuro melhor.
E é dessa forma que me despeço: Desafinado, sem nenhuma harmonia, cacofônico e na mais completa incapacidade de me indignar devido aos calos emocionais criados pelos repetitivos maus tratos desse país que ainda chamo de meu…
Novamente desejo a todos um ótimo final de semana (como for possível)!
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