A Recessão Técnica no Universo da Música…

Rcessão Técnica no Mundo da Música

Acabo de receber um boletim expedido pela Abemusica (Associação Brasileira de Música) contendo a expectativa do total do movimento anual para o setor produtivo da arte dos sons e me deparei com uma previsão exatamente igual à de 2 anos anteriores.

Faço a cobertura da Expomusic há muito tempo, procurei rever meus arquivos e entrei os seguintes números: Em 2009 e 2010 esperava-se um movimento anual de aproximadamente 600 milhões de reais para o mercado musical e em 2011 aguardava-se um significativo crescimento (para 700 milhões de reais) por conta da entrada em vigor da alteração da LDB – Lei de Diretrizes e Bases (a qual colocou o ensino musical na grade curricular ordinária das escolas).

Contudo, esse crescimento não ocorreu e tal estimativa também se manteve para os anos de 2012 e de 2013, findando por ficar quase inalterada para o atual 2014 (onde se presume um movimento em torno de 730 milhões de reais).

Estamos falando de um setor teria crescido 21,7% em 5 anos, mas que ao confrontarmos com os resultados das inflações acumuladas (pelo índice IPCA do IBGE) neste mesmo período (ano a ano, desde 2009), encontramos um montante de 34,49% de acúmulo inflacionário e vê-se nitidamente que na verdade o setor decresceu em 12,79%.

Saliento que a medida da inflação de 2014 (de 6,32%), está contada apenas até o mês de julho (até a redação deste artigo em 04/09/2014) e que ainda faltando 5 meses para computar, ela poderá ter um aumento substancial, gerando um impacto mais negativo no setor.

Qual a conclusão dessa análise numérica?! Que música realmente tem a ver com a matemática e que a arte de nosso país sente (de forma empírica) essa tal de “recessão técnica”, nos bolsos e empregos dos profissionais da área e nos ouvidos de toda a população brasileira!

Outra verificação factível é a de que a “lei do ensino musical nas escolas” é mais uma daquelas que “não pegaram”; como se fosse facultativo acatar ou não uma lei federal… Neste ponto, também se visualiza uma contradição enorme, porque o maior aparato educacional do Brasil é o público e o descumprimento dessa legislação foi praticada pelo próprio órgão que a criou. Ou seja: O governo botou caminhões de dinheiro em estádios mal projetados e extremamente dispendiosos, deixando de lado a educação das criancinhas, que por acaso são os nossos filhos.

As últimas notícias sobre o universo musical são de que nosso país está perdendo sua participação nas exportações para América do Sul e que foi apresentada, pelo deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) sob o Projeto de Lei nº 6635/13, uma proposta que isenta instrumentos musicais e partituras dos impostos de importação. Ela atualmente está em análise na Câmara dos Deputados.

As alíquotas para importação somam 60% e somente os músicos profissionais inscritos junto à OMB – Ordem dos Músicos do Brasil por pelo menos 2 anos terão tal isenção, mas se venderem os equipamentos adquiridos dentro de 5 anos, terão de recolher os impostos sobre os valores atualizados. Tal projeto criou um alvoroço enorme na indústria nacional, que perderia capacidade de concorrer frente aos produtos importados (sobretudo os da China) e que realimentaria a OMB, uma entidade combatida judicialmente por inúmeros músicos do país, nas mais diversas comarcas. Para mim (que também sou músico): Fortalecer um organismo não representativo, altamente rejeitado, não funcional e meramente punitivo seria um grave erro.

Para Daniel A Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música) “O projeto também poderá criar problemas para a cadeia produtiva da música no Brasil, que inclui lojistas, importadores e fabricantes”. “Devemos lutar pela desoneração de todos instrumentos musicais. Se o Deputado quisesse realmente estimular a indústria nacional, ele deveria pensar nos problemas de fiscalização desta lei na prática e por fim desonerar toda a cadeia de equipamentos para a música”, explica.

Sou pessimista?! Não, os fatos é que são péssimos! E esse é o ambiente mercadológico no qual vai se desenrolar a 31ª edição da Expomusic (de 17 a 21 de setembro, sediada no Expo Center Norte em São Paulo – SP), a 4ª maior feira do setor no mundo e, que (tenho certeza) trará toda a esperança que música encerra em si, além de transcorrer ao alto e bom som da alegria que a arte dos sons sempre traz! Para maiores informações, segue o link da feira: www.expomusic.com.br

Mais uma vez me despeço desejando a todos um ótimo, divertido e revigorante final de semana, desta vez o som do que mais lhes for agradável e desejando que nosso país se torne melhor, mais musical, leve e, justo!

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