VÂMU BATÊ LATA!!!

Paneçaço na Argentina

O tilintar das canecas nas grades de ferro das antigas prisões inauguraram uma nova forma de protesto ruidosa, que ao longo do tempo acabou sendo incorporada por donas de casa argentinas, que revoltadas com atos perjuriosos de seus políticos, acabaram criando uma versão mais recente e também nada glamurosa desse protesto, mas muito expressivo, o panelaço.

Não creio que devamos importar muitos costumes de nossos vizinhos porteños (principalmente quanto ao futebol), mas não podemos nos cegar à politização de seu povo e talvez até devamos invejar sua tradicional impetuosidade frente aos desmazelos de seus governantes.

Vemos enfim no Brasil uma nova insurreição popular (o que não acontecia desde os caras pintadas), inconformada com o aumento abusivo que nossos parlamentares deram a eles mesmos, numa total inobservância às necessidades do povo brasileiro e profunda incongruência com o propósito primeiro de estarem lá, que é o de representar-lo.

Salve a expressão popular, voluntária e autêntica, pois como já dizia o poeta: “A voz do povo é a voz de Deus.” Mas pensando bem… Será que podemos aplicar esse ditado a um povo desnutrido, inculto, não politizado e que cede seu voto à proposta que lhe ofereça uma ínfima bolsa assistencialista? Difícil, né?

Com tudo isso à parte, mas ainda tilintando neste artigo, venho trazer novamente aos nossos leitores outro projeto cultural interessante realizado em nossa cidade.

Garotos tocando em latas

O porteiro Rubens A. A. de Lima – Rubinho, de 43 anos e funcionário público há 12 anos e meio vem abrindo portas e os olhos de uma série de crianças, alunas da rede municipal de ensino com um projeto de aprendizado musical que ultrapassa os limites tradicionais do entendimento do que são instrumentos musicais.

Rubinho trabalha prioritariamente com crianças entre 7 e 10 anos, onde os participantes utilizam latas como instrumentos de percussão e segundo ele, atualmente estão sendo incorporados outros materiais, como galões de plástico para ampliar os timbres dos tambores e dar maior abrangência à sonoridade do grupo.

Bater nas latas e transformar o que deveria ser apenas um “barulho” em música é mais um tilintar que como nossas amigas hermanas e seus antecessores, os detentos da antiguidade, mostra a criatividade e a necessidade de se expressar de um povo que precisa dar vazão à sua cultura com os recursos que detém.

Nesse sentido, Rubinho e suas crianças realmente ultrapassam os limites e até mesmo os ditames de uma sociedade hoje nem tanto reacionária, mas ainda assim um tanto conservadora e reciclam não só o material das latas, mas também reinventam sua utilidade e dão à ela o tilintar artístico que gostamos de ver. Dão a ela função, som, vida e à nós, esperança.

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